domingo, 25 de março de 2012

                                                                         

Aboio
O aboio típico no Nordeste do Brasil é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem.

É um canto ou toada um tanto dolente, uma melodia lenta, bem adaptada ao andar vagaroso dos animais, finalizado sempre por uma frase de incitamento à boiada: ei boi! boi surubim!, ei lá, boizinho!
Esteja atrás (no coice) ou adiante da boiada (na guia) o vaqueiro sugestiona o gado que segue, tranqüilo, ouvindo o canto.
No sertão do Brasil é sempre um canto individual, entoado livremente, sem letras, frases ou versos a não ser o incitamento final que é falado e não cantado. Os que se destacam na sua execução são apontados como bons no aboio.
Existe também o aboio cantado ou aboio em versos que são poemas de temas agropastoris, de origem moura e que chegou ao Brasil, possivelmente, através dos escravos mouros da ilha da Madeira, em Portugal, país onde existe esse tipo de aboio.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, o vocábulo aboio é de origem brasileira, sendo levado para Portugal, uma vez que lá aboio significava pôr uma bóia em alguma coisa.
O aboio não é divertimento é uma coisa séria, muito antiga e respeitada pelo homem do sertão.
Pode aboiar-se no mato, para orientar os companheiros dispersos durante as pegas de gado, sentado na porteira do curral olhando o gado entrar e guiando a boiada nas estradas. Serve para o gado solto no campo, assim como para o gado curraleiro e até para as vacas de leite, mas em menor escala, porque nesse caso não é executado por um vaqueiro que se preze e tenha vergonha nas ventas.
Entoada
Minha história é igual,
A muitas, desse lugar.
Bem longe da capital,
Do querido Ceará.
Lá eu apanhava o sal,
Feito frutas no quintal...
É pra onde quero voltar, êh boi!

Bem pequeno, no terreiro,
Fazia malinação.
Apanhava, mas o cheiro,
Da dor, não ficava não.
Tinha um cavalo estradeiro,
Nele, andava o dia inteiro...
Sem dar alimentação, êh boi!


Livre, feito um passarinho,
Voava nas calmarias.
Só queria ser menino,
Pra brincar todos os dias.

Mas um caminho chegou,
E com ele me levou...
Sem perguntar se eu o queria, êh boi!

E vieram outros tantos,
Onde quase me perdi.
Pois muitos trouxeram prantos,
Mas também neles cresci.
E o cheiro daquela dor,
Só agora, em mim chegou...
Bem tarde eu aprendi, êh boi!

E aqui termina a história,
Desse simples cantador.
Que já anda sem memória,
Por isso, pouco contou.
Quem sabe num outro dia,
Quando voltar a alegria,
Eu conto o que faltou... Êh boi!

Enviado por Alque em 18/01/2011
Código do texto: T2737077
Clique acima para adicionar ao artigo (_mg_8110.jpg)
ENTOADA NORDESTINA
EM: SÃO CAETANO.



Nenhum comentário:

Postar um comentário