domingo, 25 de março de 2012

Forró

Origem e evolução do Clique acima para adicionar ao artigo (histor10.jpg)


O forró é um ritmo alucinante que faz parte do gênero típico dos festejos juninos, hoje difundido no país inteiro independente de época, onde duas pessoas dançam agarradinhas e deixam – se embalar pelo ritmo empolgante que só ele proporciona.
Tem suas raízes no nordeste, não se sabe ao certo como, onde e quando ele apareceu. É certo que ele chegou em São Paulo e aos estados do sul através de Luiz Gonzaga por volta dos anos 40 e através de migrantes nordestinos que procuravam trabalho na capital e para se divertir, ensinavam suas músicas ao povo paulista.
Há quem diga que a palavra “forró” deriva - se da expressão “For All” (Para Todos) a qual vinha escrita, em placas, nas portas dos bailes promovidos pelos ingleses em Pernambuco no início do século na época das construções das ferrovias e significava que todos podiam participar da festa envolvida por ritmos parecidos hoje em dia com o forró.
Outros historiadores acreditam que a palavra “forró” se origina dos bailes aos quais o povo costumava chamar de “Forrobodó” e, com o tempo, devido a facilidade de pronúncia, acabou sendo chamado simplesmente de “forró”. Independente da origem, é certo que ele existe para a nossa felicidade.
O forró tradicional é constituído pelo sanfoneiro, pandeirista e o tocador de zabumba e triângulo junto com acompanhamentos musicais de sanfona, triângulo e agogô. Antes, preso somente ao nordeste e aos festejos juninos, se ouvia falar muito de devastação, solo rachado, gado magro, seca no nordeste, sofrimento e lamentação.
O forró mais moderno já é constituído por baterista, guitarrista, baixista e outros equipamentos eletrônicos, trazendo um novo estilo de dança mais alegre, sensual e carismática para todas as idades e classes sociais disputando o mercado com outros ritmos mais famosos.
Seja qual for o estilo ou conteúdo das músicas, ele continua conquistando cada vez mais pessoas com o forró que se caracteriza desde o “Forró Pé de Serra” em MG e na região mais a sudeste, passando pelo forró de Fortaleza, Aracaju... até chegar ao tradicional (“dois pra lá e dois pra cá”).
Nas épocas juninas, pessoas costumam se deslocar para cidades pequenas onde acreditam encontrar um clima mais aconchegante de interior. Até mesmo para sair da rotina da cidade grande, sem contar com a possibilidade de conhecer pessoas novas de outras cidades e regiões compartilhando de uma dança que envolve contato corporal e por que não dizer mental e espiritual? No embalo dessa música pode levar qualquer um ao paraíso...
(Marcos Bastos)
                                                                         

Aboio
O aboio típico no Nordeste do Brasil é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem.

É um canto ou toada um tanto dolente, uma melodia lenta, bem adaptada ao andar vagaroso dos animais, finalizado sempre por uma frase de incitamento à boiada: ei boi! boi surubim!, ei lá, boizinho!
Esteja atrás (no coice) ou adiante da boiada (na guia) o vaqueiro sugestiona o gado que segue, tranqüilo, ouvindo o canto.
No sertão do Brasil é sempre um canto individual, entoado livremente, sem letras, frases ou versos a não ser o incitamento final que é falado e não cantado. Os que se destacam na sua execução são apontados como bons no aboio.
Existe também o aboio cantado ou aboio em versos que são poemas de temas agropastoris, de origem moura e que chegou ao Brasil, possivelmente, através dos escravos mouros da ilha da Madeira, em Portugal, país onde existe esse tipo de aboio.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, o vocábulo aboio é de origem brasileira, sendo levado para Portugal, uma vez que lá aboio significava pôr uma bóia em alguma coisa.
O aboio não é divertimento é uma coisa séria, muito antiga e respeitada pelo homem do sertão.
Pode aboiar-se no mato, para orientar os companheiros dispersos durante as pegas de gado, sentado na porteira do curral olhando o gado entrar e guiando a boiada nas estradas. Serve para o gado solto no campo, assim como para o gado curraleiro e até para as vacas de leite, mas em menor escala, porque nesse caso não é executado por um vaqueiro que se preze e tenha vergonha nas ventas.
Entoada
Minha história é igual,
A muitas, desse lugar.
Bem longe da capital,
Do querido Ceará.
Lá eu apanhava o sal,
Feito frutas no quintal...
É pra onde quero voltar, êh boi!

Bem pequeno, no terreiro,
Fazia malinação.
Apanhava, mas o cheiro,
Da dor, não ficava não.
Tinha um cavalo estradeiro,
Nele, andava o dia inteiro...
Sem dar alimentação, êh boi!


Livre, feito um passarinho,
Voava nas calmarias.
Só queria ser menino,
Pra brincar todos os dias.

Mas um caminho chegou,
E com ele me levou...
Sem perguntar se eu o queria, êh boi!

E vieram outros tantos,
Onde quase me perdi.
Pois muitos trouxeram prantos,
Mas também neles cresci.
E o cheiro daquela dor,
Só agora, em mim chegou...
Bem tarde eu aprendi, êh boi!

E aqui termina a história,
Desse simples cantador.
Que já anda sem memória,
Por isso, pouco contou.
Quem sabe num outro dia,
Quando voltar a alegria,
Eu conto o que faltou... Êh boi!

Enviado por Alque em 18/01/2011
Código do texto: T2737077
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ENTOADA NORDESTINA
EM: SÃO CAETANO.



sábado, 24 de março de 2012


Origem do frevo

Em Pernambuco, entre os anos de 1910 e 1911, ocorreu o aparecimento de um ritmo carnavalesco bastante animado e que é famoso até hoje: o frevo. A palavra frevo vem de ferver, uma vez que, o estilo de dança faz parecer que abaixo dos pés das pessoas exista uma superfície com água fervendo.

Características

Este estilo pernambucano de carnaval é um tipo de marchinha bastante acelerada, que, ao contrário de outras músicas carnavalescas, não possui letra, sendo simplesmente tocada por uma banda que segue os blocos carnavalescos enquanto a multidão se diverte dançando.

Apesar de parecerem simples ao olhar, os passos do frevo são bem complicados, pois, esta dança inclui: gingados, malabarismos, rodopios, passinhos miúdos e muitos outros passos complicados.

Os dançarinos de frevo encantam com sua técnica e improvisação, sendo que esta última é bastante utilizada. Para complementar a beleza da dança, eles usam uma sombrinha ou guarda-chuva aberto enquanto dançam.

Como vimos, o frevo é tocado, contudo, em alguns casos, ele também pode ser cantado. Há ainda uma forma mais lenta de frevo, e esta, é chamada de frevo-canção.



- è comemorado em 14 de setembro o Dia do Frevo.



Frevo

A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, que passou a significar: efervescência, agitação, confusão ou rebuliço.
Podemos afirmar que o frevo é uma criação de compositores de música ligeira, feita para o carnaval. Os músicos pensaram em dar ao povo mais animação durante o carnaval. No decorrer do tempo, a música ganhou características próprias.
Surgido na cidade do Recife no fim do século XIX, o frevo caracteriza-se pelo ritmo extremamente acelerado.
Com relação a dança vem da junção da capoeira com o ritmo do frevo que nasceu o passo, a dança do frevo.
Historicamente as sombrinhas coloridas seriam uma estilização das utilizadas inicialmente como armas de defesa dos passistas que remetem diretamente a luta, resistência e camuflagem, herdada da capoeira e dos capoeiristas, que faziam uso de porretes ou cabos de velhos guarda-chuvas como arma contra grupos rivais. Foi da necessidade de imposição e do nacionalismo exacerbado no período das revoluções Pernambucanas que foi dada a representação da vontade de independência e da luta na dança do frevo.
A dança do frevo pode ser de duas formas: quando a multidão dança, ou quando passistas realizam os passos mais difíceis, de forma acrobática. O frevo possui mais de 120 passos catalogados. Ao londo da década de trinta, o frevo dividiu-se em: Frevo-de-Rua, Frevo-Canção, Frevo-de-Bloco.
FREVO-DE-RUA: É o mais comum, identificado como simplesmente frevo, cujas características não se assemelham com nenhuma outra música brasileira, nem de outro país. O frevo-de-rua se diferencia dos outros tipos de frevo pela ausência completa de letra, pois é feito unicamente para ser dançado.
FREVO-CANÇÃO -Nos fins do século passado surgiram melodias bonitas, tais como A Marcha n° 1 do Vassourinhas, atualmente convertido no Hino do carnaval recifense, presente tanto nos bailes sociais como nas ruas, capaz de animar qualquer reunião. O frevo-canção ou marcha-canção tem vários aspectos semelhantes à marchinha carioca, um deles é que ambas possuem uma parte introdutória e outra cantada, começando ou acabando com estrebilhos a exemplo da, Borboleta não é ave de Nelson Ferreiraplo.
FREVO-DE-BLOCO -não se sabe ao certo parece ter se originado de serenatas preparadas por agrupamentos de rapazes animados, que participavam simultaneamente, dos carnavais de rua da época, possivelmente, no início do presente século. Sua orquestra é composta de Pau e Corda: violões, banjos, cavaquinhos, etc. Nas últimas três décadas observou-se a introdução de clarinete, seguida da parte coral integrada por mulheres. Exemplo: Valores do Passado de Edgar Moraes.









quinta-feira, 22 de março de 2012

Riachão

Riachão nasceu Clementino Rodrigues em Língua de Vaca, bairro do Garcia, em Salvador. O dia 14 de novembro de 1921 entra para a história da música baiana como o dia do nascimento de seu sambista mais representativo. Seu modo peculiar de compor tem características de crônica. Em suas letras, quase sempre irreverentes, desfila o povo baiano da antiga Salvador, com suas baianas de acarajé, seus malandros de terno branco e seus capoeiras atrevidos. O apelido ‘Riachão’, segundo o sambista revelou ao extinto jornal Diário de Notícias, o acompanha desde a infância: ‘Quando menino, eu gostava muito de brigar. Mal acabava uma peleja, já estava eu disputando outra. E aí chegavam os mais velhos para apartar, empregando aquele ditado popular: você é algum riachão que não se possa atravessar?’. 


Sambista Atrevido
Desde os 9 anos de idade, Riachão já cantava nas serenatas ou nas batucadas do bairro do Garcia. Gostava de batucar em latas d’água. A primeira composição veio aos 12 anos, um samba sem título que dizia: ‘Eu seu que sou moleque, eu sei / conheço o meu proceder / deixe o dia raiar que a minha turma / é boa para batucar’. 

Aos 23 anos, ingressa na Rádio Sociedade, onde canta com um trio vocal no programa de auditório ‘Show Pindorama’, da emissora de rádio Sociedade AM. O trio de Riachão interpretava de serestas à toadas sertanejas. Riachão não demora a romper com o trio e se apresentar sozinho – queria, na verdade, se dedicar apenas ao samba, sob forte inspiração de Dorival Caymmi. 
Depois de Caymmi, por sinal, Riachão foi o primeiro compositor baiano a gravar no Rio de Janeiro, ainda na década de 50. As músicas foram ‘Meu Patrão’, ‘Saia’ e ‘Judas Traidor’, todas gravadas por Jackson do Pandeiro. 
Ele opta por seguir o caminho do samba irreverente, compondo sambas bem-humorados como ‘Retrato da Bahia’ e ‘Bochechuda e Papuda’, ganhando o Troféu Gonzaga com essas músicas. Mais tarde foi gravado pelo cantor Eraldo Oliveira (‘A Nega não quer Nada’) e pela cantora Marinês (‘Terra Santa’).  



Caetano & Gil 

Em 1972, Caetano Veloso e Gilberto Gil voltam do exílio em Londres. Em Salvador, pretendem escolher a música de um compositor baiano para marcar sua volta ao mercado fonográfico nacional. A escolhida foi ‘Cada Macaco no seu Galho’, de Riachão, que estourou nas rádios do País. Nos anos de chumbo da Ditadura Militar, Riachão tem um samba proibido pela Censura. A música se chamava ‘Barriga Vazia’ e a letra falava da fome: ‘Eu, de fome, vou morrer primeiro / você, de barriga, também vai morrer um dia’. A notícia da censura corre a cidade e, num show, no ICBA, em 1976, a platéia universitária exige que Riachão a cante. O público pede com tanto entusiasmo que os músicos começam a executá-la e Riachão se vê obrigado a cantar o samba, fato que repercutiu na imprensa como uma ‘provocação’ do sambista aos militares.  


Sonho de Malandro e o Ostracismo

Em 1973 grava o álbum ‘Sonho de Malandro’, patrocinado pelo Desenbanco em comemoração aos 15 anos da empresa onde trabalhava desde 71. No disco, predominam os sambas maliciosos que também identificam a sua obra, temperados com metais, acordeon, flauta, coro de pastoras e até um regional de choro. Destacam-se as faixas ‘Quando o Galo Cantou’ e ‘Eu também Quero’, que relata o aparecimento do tíquete-refeição: ‘Essa turma que trabalha muito cedo/ vem a fome que faz medo/ e faz a barriga roncar/ vai no caixa compra tique/ pega tique/ leva o tique/ dá o tique/ para poder almoçar’. O disco, porém, não emplaca, vende pouco, é mal divulgado. E Riachão cai num relativo ostracismo artístico, se apresentando apenas para platéias universitárias, no Rio de Janeiro. 
Novo Registro em 2000

Depois de um hiato de quase 20 anos, Riachão grava um CD somente em 2001, onde o sambista divide as faixas com nomes como Caetano Veloso (‘Vá Morar com o Diabo’) e Dona Ivone Lara (‘Até Amanhã’), entre outros. Todos os seus maiores sucessos são registrados. 

Discografia
Samba da Bahia (Philipis – 1973) – com Batatinha e Panela 
Sonho de Malandro (Tapecar – 1981)
Riachão (Caravelas – 2001) 


quarta-feira, 21 de março de 2012

Embolada





       A embolada é um gênero musical de origem nordestina



e tem como principal característica o curto intervalo entre as palavras e os versos, criando assim, uma melodia quase que totalmente oratória. Geralmente é feito de improviso quando do encontro de dois emboladores em uma feira, por exemplo. Na maioria das vezes a letra é satírica, cômica e descritiva. O ritmo tende a aumentar de velocidade, o que dificulta a dicção e o improviso.



     A embolada é hoje encontrada em várias regiões do Brasil, mas, sobretudo, na região
Nordeste, onde tem surgido a maioria dos emboladores, e os mais conhecidos pelo Brasil
afora. Foram esses emboladores nordestinos os responsáveis por levar a embolada para
além dos limites da região. O seu ritmo, muitas vezes denominado coco, foi “divulgado
amplamente pelo rádio e indústria do disco na década de 50 [1950], através do paraibano
Jackson do Pandeiro em parceria com Almira [Castilho] e do [também] pernambucamo
Manezinho Araújo” (Ayala, 2000a:1). Este último, tendo gravado seu primeiro disco, em
que inclui embolada, em 1933 pela Odeon (Dantas, [s.d.]).
   




      A embolada que estamos considerando como foco deste estudo, é a cantada por duplas de emboladores, onde estão presentes o texto poético cantado, uma espécie de melodia declamatória, e o acompanhamento instrumental com pandeiros, tocados por cada um dos emboladores, que realizam uma mesma linha rítmica. Este tipo de embolada é cantada em feiras, e espaços públicos em geral, como praças e ruas dos centros comerciais das cidades, bem como nas festas religiosas e profanas.
     





      TODA FEIRA NORDESTINA é uma colorida e pitoresca exposição, heterogênea em seus elementos de sabor local, principalmente nas mostras abertas de seu artesanato de cerâmica, cestos, flandres, rendas etc., rudes e maravilhosos resultados de talento dos artistas do sertão, cangaceiros, beatos e cantadores. Tornou-se famosa a feira de Caruaru, ainda mais depois do baião divulgado por Luiz Gonzaga, que não omite os mínimos detalhes daquele espetáculo folclórico do interior pernambucano. Todavia, uma das atrações mais fascinantes da feira do Nordeste é, sem dúvida, o encontro de dois emboladores, empunhando o pandeiro ou o ganzá (instrumentos de flandre, cheio de caroços de chumbo), desfiando suas rimas com a rapidez de um raio ao calor do desafio, numa autêntica justa sonora, duelo de rapsodos cablocos que aumenta de entusiasmo quanto mais aguçados são os toques de provocação partidos de cada um dos contendores. A paga é feita pelos circunstantes, que são elogiados ou satirizados conforme a reação ante os apelos feitos pelo embolador, quase sempre estendendo o pandeiro emborcado em evidente cobrança aos espectadores.
O gênero é simples e independente de qualquer composição preestabelecida quanto ao número e disposição dos versos. Há apenas um estribilho, que é repetido com intervalo maior ou menor por um dos cantadores, enquanto o outro improvisa. O metro é setissilábico e a redondilha maior; aliás, o mais comum mesmo entre os cantadores de viola, espetáculo à parte, que já obedece a modalidades diversas e que não é assunto no momento. Já se disse que o povo de língua portuguesa fala habitualmente em redondilha maior: Entre os mais conhecidos emboladores, merece citação especial o Tira-Teima, mulato alagoano, dono da extraordinária agilidade mental, hoje radicado em Brasília. Costuma denominar-se de serpente alagoana e afirma quando canta:
Não há, porém, necessidade de ir ao Nordeste para assistir desafio de embolada. Na Guanabara, na feira de São Cristóvão, é comum aparecer uma dupla de repentistas do gênero; também em São Paulo, nas imediações do largo da Concórdia, diariamente se encontram improvisadores, com seu pandeiro e seu ganzá, os alagoanos Januário e Guriatã de Coqueiro.
É justo lembrar aqui que a embolada tornou famoso, nos meios radiofônicos, o pernambucano Manuelzinho Araújo, hoje artista plástico, que trocou o ganzá pelo pincel, sem contudo perder o sabor primitivo do seu talento. Deve-se a ele a divulgação dessa modalidade de cantoria popular nas camadas fora da ambiência sertaneja
      Tradicionalmente, os pandeiros, ou os ganzás em tempos menos recentes, constituem
o acompanhamento característico da embolada; mas já se encontra emboladores acrescentando outros instrumentos, experimentando inovações para a instrumentação da embolada. Cachimbinho se fez acompanhar, além do pandeiro, por viola nordestina, zabumba e triângulo, em algumas das emboladas que está em sua fita cassete Cachimbinho e suas emboladas ([S. d.]); Cachimbinho e Geraldo Mouzinho acrescentaram triângulo, ganzá e agogô, nas emboladas do disco Cantar côco é assim (1983); Caju e Castanha juntaram aos pandeiros instrumentos como violão, cavaquinho, guitarra, baixo, teclado com programação, bateria, zabumba, e outros instrumentos de percussão, em trabalhos lançados em CD, como

Vindo lá da lagoa
(2000) e Andando de coletivo (2002). Mas mesmo estes, no último CD,

Professor de embolada
(Caju; Castanha, 2003) retomam o pandeiro como instrumento acompanhador

da embolada.

Ritmos do Nordeste

                                                                      Luiz Gonzaga





Por Luís Pimentel
De Cabo a Rabo, de ponta a cabeça ou de fio a pavio, o ritmo que melhor se ajeita sob a luz do candeeiro, nos arrasta-pés em chão de terra batida, é ainda ritmo e gênero eternos. O forró é de todos, e não só de quem dança. Refiro-me, naturalmente, ao forró forrado e rasgado, visceral e verdadeiro; não a este mise-en-scene estilizado que temos aprendido nas academias de dança da Zona Sul do Rio de Janeiro.
O mais nordestino dos ritmos brasileiros e mais brasileiro dos ritmos nordestinos tem três nomes que são, a meu ver, essência não só do forró como de toda a música popular brasileira: Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e João do Vale. Não necessariamente nessa ordem, não há critério de importância, muito menos ordem alfabética.
Chico Buarque recomendou: "Contra fel, moléstia e crime/Use Dorival Caymmi, vá de Jackson do Pandeiro". Um dos maiores cantores e ritmistas que o Nordeste ofertou ao Brasil, Jackson (José Gomes Filho, 1919-1982) foi um dos artistas mais comoventes que já vi sobre um palco. Nascido em Alagoa Grande, no interior da Paraíba, o moleque Zé ("Vixe, como tem Zé/Zé de baixo e Zé de riba/Esconjuro com tanto Zé/Como tem Zé lá na Paraíba") era filho de uma cantadora de coco, que arrepiava tocando ganzá. Queria aprender a tocar sanfona, um dos instrumentos preferidos dos nordestinos, juntamente com o zabumba e o triângulo.
Os pais não tinham dinheiro para a sanfona, deram-lhe um pandeiro. Menino ainda, Jackson se mudou com a família para Campina Grande, onde fez todo tipo de trabalho destinado aos meninos pobres e começou a prestar atenção nos cantadores de coco e violeiros das feiras. Foi em Campina que amigos lhe deram seu primeiro nome artístico, Jack, por influência dos seriados norte-americanos de faroeste a que assistia no cinema, onde tinha sempre um Jack isto ou aquilo.
Foi fazendo o seu caminho, ao caminhar e ao cantar. Nos anos 40, transferiu-se para João Pessoa, onde tocou em cabarés e começou a se apresentar em programas de rádio. De lá, para Recife, a desde sempre festejada capital de Pernambuco. Estreou na concorrida Rádio Jornal do Comércio, onde ganhou e adotou definitivamente o nome Jackson do Pandeiro. Em 1953, gravou seus primeiros sucessos:Sebastiana (Rosil Cavalcanti) e Forró em Limoeiro (Edgar Ferreira). Em Recife casou-se com Almira, que se tornou sua parceira nas apresentações, dançando e fazendo coro ao seu lado.




                                                   Jackson do Pandeiro e João do Valr




O ano de 1956 encontra Jackson e Almira desembarcando no Rio de Janeiro. Sua maneira peculiar de cantar e de tocar o seu pandeiro já era festejada no país inteiro e o paraíba danado foi logo contratado pela Rádio Nacional. Fez um sucesso enorme, de público e de crítica, arrepiando nos baiões, cocos, rojões, sambas e marchinhas de carnaval. Sua influência é até hoje sentida em artistas que regravam as músicas que Jackson celebrizou. A influência de sua maestria e velocidade vocal pode ser conferida em grandes artistas que se inspiraram nele, como João Bosco, Lenine e Elba Ramalho, entre tantos outros.

Jackson do Pandeiro popularizou e deu dignidade interpretativa a inúmeros clássicos da música nordestina, como Chiclete com Banana(Gordurinha/ Almira Castilho), Xote de Copacabana (José Gomes), 17 na Corrente (Edgar Ferreira/ Manoel Firmino Alves), Como Tem Zé na Paraíba (Manezinho Araújo/ Catulo de Paula), Cantiga do Sapo, A Mulher do Aníbal, (Edgar Ferreira) e Forró em Caruaru (Zé Dantas).
O gigante inconteste da música nordestina, talvez maior nome do gênero, Luiz Gonzaga dos Nascimento (1912-1989), é a própria e mais legítima tradução do forró. Gonzagão é a cara do Nordeste e do Brasil. O artista, que nasceu e morreu em Exu (PE) e foi pelo povo coroado Rei do Baião, tem para o homem do Norte e Nordeste do Brasil a importância da fé no Padre Cícero Romão.
A obra de Luiz Gonzaga é vasta e poderosa. Deixou para a música brasileira verdadeiros hinos de alegria e de esperança, como Asa branca, Vozes da seca, No meu pé de serra, Qui nem jiló, Baião, Juazeiro, Triste partida, A volta da asa branca e tantas outras, compostas ao lado de parceiros musicais importantíssimos – Humberto Teixeira, Zé Dantas e Patativa do Assaré entre eles.
Nascido em Pedreiras (MA), em 1933 ou 1934 (há confusão de registros), João do Vale morreu dia 6 de dezembro de 1996, em São Luis do Maranhão – para onde voltou depois de muita doença, abandono e sofrimento no Rio de Janeiro. De família muito humilde, João foi feirante e pedreiro, antes de se tornar conhecido como compositor, na década de 50, já no Rio de Janeiro. Nos anos 60, teve enfim o reconhecimento público, quando ao lado de Zé Kéti e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia) participou do histórico showOpinião, lançando sua canção mais conhecida, Carcará. É autor de mais de 300 músicas, algumas delas fundamentais para o forró – comoPeba na pimenta – ou para a música brasileira – como Vento leste, parceria com Luiz Vieira e que mereceu interpretação antológica de Caetano Veloso.
Sei que existem muitos outros, como Dominguinhos, Xangai, Maciel Melo, que levam a música nordestina e o forró às alturas. Mas esses três aqui citados são, a meu ver, ponto de partida e reta de chegada. De cabo a rabo.
  

( Luís Pimentel é escritor e jornalista, cronista semanal de O Dia e editor do site Revista Música Brasileira  )

História da Musica Nordestina

 
Na literatura pode-se citar a literatura popular de cordel que remonta ao período colonial (a literatura de cordel veio com os portugueses e tem origem na Idade média europeia) e numerosas manifestações artísticas de cunho popular que se manifestam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada.
Na música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como o cearense Liduíno Pitombeira na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro. Ritmos e melodias nordestinas também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte - Dança do Martelo - alude ao sertão do Cariri).
Na música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, Axé e frevo, dentre outros ritmos. O movimento armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina (um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega) "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cultura_da_regi%C3%A3o_Nordeste_do_Brasil&oldid=28060665"

Música

Vários gêneros surgiram no Nordeste ao longo dos anos.
O pernambucano Luiz Gonzaga foi o precursor do baião, ritmo que ao lado de outros como xote, xaxado e côco fazem parte do chamado forró. Vários artistas deram continuidade ao legado de Luiz Gonzaga, como é o caso de Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro e Waldonys.
O frevo, mais comum nos estados do Pernambuco e Paraíba, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou grandes músicos como Alceu Valença, Elba Ramalho eGeraldo Azevedo. Estes três, ao lado de Zé Ramalho, misturaram frevo, forró, rock, blues e outros ritmo. O quarteto costuma se apresentar com o nome de O Grande Encontro.

Na década de 60 surgiu na Bahia o tropicalismo, inspirado no movimento antropofágico e que viria a se tornar um marco no Brasil. Faziam parte desse grupo os artistas Tom Zé, Caetano Veloso e Gilberto Gil, dentre outros.
A Bahia voltaria a ser berço de outro gênero musical na década de 80, com a criação da axé music, tendo como precursores Luiz Caldas, Chiclete com Banana, Daniela Mercury, Timbalada e Olodum. O gênero revolucionou o carnaval baiano, já que o frevo, um ritmo pernambucano, era utilizado na festa de Salvador até então. Atualmente a Indústria da música baiana é a que gera mais estrelas no Brasil e já conta com uma "constelação" com notoriedade nacional e internacional como principalmente Ivete Sangalo que é considerada a cantora mais popular do Brasil na atualidade e líder de vendas na indústria fonográfica nacional, tem a capacidade de arrastar uma legião de fãs por onde passa, inclusive em terras internacionais. Exemplo disso foi o Rock in Rio Lisboa em 2004, onde a cantora bateu recorde de público. Ivete é dona da Caco de Telha, uma empresa de entretenimento que possui título de maior empresa do ramo no Norte-Nordeste e entre as cinco maiores no cenário nacional. A Caco de Telha já trouxe grandes eventos para o Brasil como a turnê I am... da cantora pop Beyoncé, a turnê The End do grupo musical Balck Eyed Peas,o show The Grand Moscow Classical Ballet e as apresentações do Cirque du Soleil no Brasil. Jà proporcionou ao estado da Bahia, além desses eventos com artistas internacionais, grandes shows com artistas nacionais como a turnê Roberto Carlos 50 anos de música. Através da caco de Telha, Ivete Sangalo foi a estrela de uma mega-produção noMadison Square Garden, o templo da música internacional moderna. Na Bahia, nasceu João Gilberto considerado entre todos os outros percursores da Bossa Nova: Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Luiz Bonfá Bossa Nova, o ritmo brasileiro mais conhecido no mundo. João Gilberto é considerado dentre os percursores da Bossa Nova o principal criador do ritmo.
Nos anos 80 surgia em Pernambuco a primeira grande referência da música Punk/Hardcore na região e o principal nome é a banda Câmbio Negro HC, sendo também a pioneira no estilo e a primeira a produzir os primeiros discos do gênero na região, além de ser uma grande referência da música undergroud do país.
Já nos anos 90, surgia em Pernambuco o Mangue beat, ritmo que reunia rock, hip hop, maracatu e música eletrônica. Chico Science e Nação Zumbi são os principais nomes do gênero.
O repente é bastante difundido no interior, tendo como destaque o cearense Cego Aderaldo. A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, banda de pífaros do Ceará, possui fama internacional. No Ceará, destacam-se ainda,Fagner, Belchior e Ednardo, ícones da MPB.
Foi também no Nordeste que nasceu o brega que tem como principais representantes o pernambucano Reginaldo Rossi e o baiano Waldick Soriano.
O Maranhão possui grande diversidade de ritmos, como: Tambor de Crioula, Tambor de Mina, Tambor de Taboca, Tambor de Caroço, os quatro sotaques do bumba-meu-boi, além de ser um dos principais redutos brasileiros do reggae. Tribo de Jah, uma das principais bandas do gênero, surgiu no Estado. Outros maranhenses de destaque são: João do Vale; Cláudio Fontana; Rita Ribeiro; Catulo da Paixão Cearense; Lairton dos Teclados ;Zeca Baleiro (MPB), e Alcione (Samba).
Raul Seixas, nascido na Bahia, é considerado o principal nome do rock no Brasil. Integrou o movimento da Jovem Guarda como compositor. Atualmente a também baiana Pitty faz muito sucesso no rock. Além dos grupos Cordel do Fogo Encantado e Pedro Luís e a Parede marcando significativamente a música popular brasileira contemporânea.